By Elilze de Paula

9 de dezembro de 2013

BAIXA VISÃO E CEGUEIRA:

Um Breve Esclarecimento



A cegueira é uma alteração grave ou total de uma ou mais das funções elementares da visão, que afeta de modo irremediável a capacidade de perceber cor, tamanho, distância, forma, posição ou movimento em um campo mais ou menos abrangente. Pode ocorrer desde o nascimento (cegueira congênita) ou, posteriormente (cegueira adquirida) em decorrência de causas orgânicas ou acidentais. (Atendimento Educacional Especializado: Baixa Visão, pág. 15)

A baixa visão (ambliopia, visão subnormal ou visão residual) é complexa devido à variedade e a intensidade de comprometimentos das funções visuais. Essas funções englobam desde a simples percepção de luz até a redução da acuidade e do campo visual que interferem ou limitam a execução de tarefas e o desempenho geral. (Atendimento Educacional Especializado: Baixa Visão, pág. 16)


Dadas suas especificidades, as pessoas com cegueira ou deficiência visual, terão sua autonomia, independência e aprendizado, baseados no acúmulo de estratégias e recursos disponíveis para seu atendimento.

Segundo Laplane e Batista, algumas poderão realizar com pouca dificuldade as tarefas escolares sem qualquer auxílio e outras necessitarão de auxílios ópticos (lupas e telescópios) ou não ópticos (ampliações, iluminação especial e outras adaptações do ambiente) para melhorar seu desempenho, algumas conseguirão utilizar materiais visuais e outras preferirão os materiais táteis (sistema Braille de escrita) ou aditivos.

A aprendizagem visual depende não apenas do olho, mas também da capacidade do cérebro de realizar as suas funções, de capturar, codificar, selecionar e organizar imagens fotografadas pelos olhos. Essas imagens são associadas com outras mensagens sensoriais e armazenadas na memória para serem lembradas mais tarde. (Atendimento Educacional Especializado: Baixa Visão, pág. 17)

Desta forma, cada indivíduo possui um jeito próprio de desenvolver processos de codificação dessas imagens guardadas na memória. As experiências vivenciadas ao longo da vida, assim como sua variedade, qualidade, clareza e estímulo refletem a capacidade ou habilidade que a pessoa possa adquirir para compreender, interpretar e assimilar a informação oferecida.

Para Vigotski, os fatores ambientais e dentro desses os sociais e culturais, condensados na função da linguagem, são fundamentais nos processos de desenvolvimento e aprendizagem. Na idéia de que o homem se desenvolve na sociedade e na cultura, por meio de uma ferramenta especialmente desenvolvida para isso, isto é, o homem é um ser capaz de aprender com o outro por meio da linguagem que organiza e dá sentido à experiência humana compartilhada.

Desse modo, pode-se concluir que o desenvolvimento do ser humano é parte daquilo que se é produzido no âmbito escolar, através das relações entre o alfabetizador, o acadêmico e o objeto de pesquisa. É preciso investir de forma consciente e planejada na organização de um ambiente que promova sempre a constante interação e participação desses indivíduos, determinados através de diagnósticos sobre sua necessidade, interesse, disposição e objetivos próprios de cada ser.
Referências:  AMIRALIAN, Maria Lúcia Toledo Moraes.   Sou cego ou enxergo?  As questões da baixa visão. Educar. Curitiba (PR), Editora UFPR, n. 23, p. 15-28, 2004. Disponível em: http://www.rc.unesp.br/igce/ceapla/cartografiatatil/artigos/cego_enxergo.pdf. Acesso em 03/11/2013.
 LAPLANE, Adriana Lia Friszman de; BATISTA, Cecília Guarneiri. Ver, não ver e aprender: participação de crianças com baixa visão e cegueira na escola. Cad. Cedes, Campinas, vol. 28, n. 75, p. 209-227, maio/ago, 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v28n75/v28n75a05.pdf. DOMINGUES, Celma dos Anjos [et al]. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar: os alunos com deficiência visual: baixa visão e cegueira. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial; [Fortaleza]: Universidade Federal do Ceará, 2010. Disponível em http://ramec.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=1828&Itemid=1. 


7 de dezembro de 2013

A Audiodescrição como ferramenta de acessibilidade para pessoas com Baixa Visão ou Cegueira

A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU 2006), ratificada no Brasil pelo Decreto nº 186/2008 e pelo Decreto 6949/2009, em seu artigo 9º, afirma que "a fim de possibilitar as pessoas com deficiência viver com autonomia e participar plenamente de todos os aspectos da vida, os Estados Partes deverão tomar as medidas apropriadas para assegurar-lhes o acesso, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, ao meio físico, ao transporte, à informação e comunicação".
A deficiência visual compreende desde pequenas alterações na acuidade visual até a ausência de percepção de luz, mas as alterações que têm implicações mais sérias para a vida das pessoas com necessidades especiais e para as suas famílias são a baixa visão e a cegueira (Laplane e Batista).
A função visual é aprendida e, por isso, quanto mais oportunidades de contato com as pessoas e objetos do meio, melhor a criança com baixa visão, desempenhará atividades e desenvolverá habilidades e capacidades para explorar o meio ambiente, conhecer e aprender.
A baixa visão requer o uso de estratégias e recursos que possibilitem uma melhor acomodação visual daquilo que está sendo apresentado à pessoa.
Baseado no exposto e, pensando sobre uma forma justa de propor à criança com deficiência visual e/ou cega uma legítima descrição daquilo que está sendo apresentado, principalmente nas aulas do ensino regular, proponho a sugestão e uso do filme "Os Três Porquinhos", com audiodescrição sobre os acontecimentos a cerca das imagens. Através da sugestão abaixo, a criança torna-se capaz de manisfestar suas idéias e reflexões que viabilizarão sua constante participação nas discussões propostas pelo educador, como por exemplo: o reconto da história, os tipos de moradia existentes, moradia segura, minha casa e meu bairro, etc.....

OS TRÊS PORQUINHOS



Também como exemplo de descrição de imagens: 



Descrição da Imagem: Banner em formato de paisagem. Na parte superior esquerda, está escrito “3 de dezembro” em letras brancas. Abaixo, também em letras brancas, “Dia Internacional da pessoa com Deficiência” e logo abaixo a frase “Quebrar barreiras, abrir portas: por uma sociedade e desenvolvimento inclusivo para todos” . Na parte superior direita, em branco, logotipo do Conade e abaixo, símbolo da pessoa com deficiência. O fundo da imagem é composto por variações de pequenos círculos na cor azul e lilás, com contrastes de sombra mais escurecidos.
Disponível em https://www.facebook.com/ConadeBR?fref=ts, acesso em  08 de dezembro.  

15 de novembro de 2013

Dicas de Recursos para Deficiente Intelectual

Em uma mistura homogênea entre desenvolvimento cognitivo, convivência social, estímulo, desafios e afetividade se processa o aprendizado das crianças com deficiência intelectual, afetando diretamente a autoestima do aluno e fazendo com que o mesmo acredite em seu potencial e/ou no conhecimento já adquirido.
Não se pode ignorar a importância da inteligência sobre o desenvolvimento, pois os traços de personalidade e os comportamentos adaptativos se desenvolvem dentro de uma interação constante com o ambiente e a partir de experiências vividas pelo sujeito. É extremamente importante distinguir os fatores cognitivos, dos fatores motivacionais que afetam o desempenho das pessoas com deficiência. (Zigler, 1969).

Estímulo é primordial ao processo de desenvolvimento e organização do pensamento de qualquer cidadão, seja com ou sem deficiência. É esta ação que protagoniza o avanço intelectual e define o tempo de aprendizagem próprio de cada um, com valorização ao conhecimento adquirido.
Em busca de uma motivação e na ânsia do aprendizado dos alunos, principalmente das crianças com deficiência intelectual, o professor busca de todas as maneiras um método eficaz e prazeroso que contemple uma linguagem atraente, capaz de contribuir para uma educação baseada na vivência do educando. Desta forma, os jogos significam um excelente aliado no processo de ensino-aprendizagem. Através das atividades lúdicas, a criança aprende brincando: se socializa, obedece regras, compete, expressa a criatividade, corrobora para os conteúdos aprendidos, realiza leitura e escrita... Alfabetiza-se.

Visando uma proposta diferenciada de ensino, fica a sugestão de dois jogos para raciocínio lógico matemático que, divertindo a criança aprende. 


Tabela numérica (Fonte desconhecida)

Os números estão dispostos em duas colunas, de um mesmo tabuleiro. Para marcar a alternativa correta, o aluno liga o número fazendo relação à quantidade, através de barbante e velcro para aderência, após ter identificado o mesmo sorteado no dado. As crianças precisam do concreto para realizar a assimilação do aprendizado. Este jogo proporciona o aprendizado dos números até 5. 


Jogo Virtual Eu sei contar

O Jogo Eu sei contar, disponível no site Escola Games, incentiva as crianças a realizar a sequência numérica de uma maneira lúdica e interativa, proporcionando um aprendizado saboroso. No mesmo site também estão disponíveis vários jogos que auxiliam a compreensão e alfabetização de nossos educandos. Vale a pena conferir! 

12 de setembro de 2013

Recursos da Tecnologia Assistiva Para Deficiente Físico

A Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento e de atuação que desenvolve serviços, recursos e estratégias que auxiliam na resolução de dificuldades funcionais das pessoas com deficiência na realização de suas tarefas. (A Educação Especial na Perspectiva da da Inclusão Escolar, Recursos Pedagógicos Acessíveis e Comunicação Aumentativa e Alternativa, Mec, pág. 8)
Desta forma, através de um planejamento sistemático, esses recursos, considerados uma ajuda ou um apoio, são capazes de propor à pessoa deficiente, uma vida mais autônoma, independente, principalmente no âmbito escolar, onde se objetiva o pleno desenvolvimento do aluno deficiente.
Estudos demonstram que a participação e união de todos: saúde, escola e família proporciona uma grande evolução no desenvolvimento global da criança ou pessoa com deficiência.
As barreiras impostas pela patologia podem e devem ser minimizadas com ações organizadas, para e com o indivíduo, a fim de propor benefícios que traduzam sua autonomia e maior independência possível. 
Assim, refletindo nessa perspectiva, sugiro alguns recursos capazes de cumprir essa função.
Sabemos que a "escrita" proporciona à criança relações intensas com o meio, internalizando, expondo e ressignificando pensamentos e idéias.
Existem uma variedade de alternativas que podem ser disponibilizadas para facilitar a preensão do lápis, quando diagnosticado prejuízo na coordenação motora do academico. No entanto, esta traz um lado lúdico que alegra qualquer criança no aprendizado do registro, quer seja em forma de desenho ou escrito.


Recurso que facilita a preensão e auxilia a escrita 


A escrita também poder ser realizada através do computador, com órteses, teclados especiais, colméias, etc. Este acessório traz um design moderno, que agrada qualquer usuário, deficiente ou não, pois possui teclas maiores, consequentemente letras maiores, coloridas e com funções básicas de digitação, minimizando a quantidade de teclas existentes num teclado comum.

Acessório que facilita a digitação. 
Possui teclas maiores, coloridas e com funções básicas de uso




14 de agosto de 2013

Aspectos Importantes sobre o Atendimento Educacional Especializado - AEE


Dada a fragilidade das práticas pedagógicas, muitas vezes discriminatórias, para com os alunos com deficiência do nosso sistema de ensino, nota-se um constante debate entre a sociedade moderna e o papel da escola na superação dessa lógica "exclusionista".
O movimento nacional baseado a favor da inclusão e no direito de todos estarem juntos sem distinção de raça, religião, gênero, grupo social, idade cronológica... perpassa não só pelo âmbito político, mas estende-se a todo um processo cultural, social e pedagógico que deve estar engajado na plena satisfação do cidadão em sua comunidade.
Lista de palavras a partir da história
Em 1994, com a Declaração de Salamanca se estabelece, como princípio, que as escolas do ensino regular devem educar todos os alunos, enfrentando a situação de exclusão escolar das crianças com deficiência, das que vivem nas ruas ou que trabalham, das superdotadas, em desvantagem social e das que apresentam diferenças linguísticas, étnicas ou culturais. (Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da EducaçãoInclusiva, pág 14).
Desta forma, a fim de proporcionar a inclusão e o desenvolvimento da criança com deficiência no recinto escolar, ressaltamos o papel do professor do atendimento educacional especializado, que através de estudos sistematizados apresenta uma forma dinâmica de crescimento, inclusão e integração do aluno, tanto na escola quanto na sociedade, numa constante parceria entre professores regentes, gestão escolar, atendimento clínico e família. Cabe a este, orientar professores regentes e toda equipe escolar sobre formas e maneiras de melhor atendimento a esse público alvo; confeccionar e indicar materiais apropriados a cada deficiência; firmar ou indicar parceria com equipe médica (fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos...) sempre que necessário; selecionar equipamentos, a fim de eliminar ou minimizar as barreiras e otimizar a aprendizagem; orientar a família do educando; elaborar um plano de AEE com vistas a acessibilidade; estimular o desenvolvimento cognitivo.
No entanto, para que todo esse processo seja alcançado a contento, é necessário realizar um estudo de caso individualizado, que possibilitará conhecer profundamente as habilidades e limitações desse alunado, identificando importantes aspectos relacionados ao seu aprendizado, bem como, o tipo do problema (cognitivo, de linguagem, de saúde, de desenvolvimento físico, afetivo, social...). É através deste, que se formula o plano de atendimento educacional especializado.
De posse de todas as informações destacadas acima, o plano de AEE supri as necessidades específicas do aluno, em parceria com o professor regente e familiares. Pensado a curto, médio ou longo prazo, o plano deve prever objetivos de aprendizagem a serem alcançados durante o período escolar, orientando o trabalho do professor do AEE quanto às atividades que devem ser direcionadas ao total desenvolvimento da pessoa, a fim de superar ou minimizar as dificuldades apresentadas. O plano de AEE, visa a elaboração de melhores estratégias do processo de ensino-aprendizagem.
Escrita do próprio nome com apoio do alfabeto móvel


Referências:  
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação. Política Nacional da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília:MEC/SEESP, janeiro 2008.



30 de maio de 2013

Documentos Legais

A criança com deficiência tem direito a um aprendizado que respeite sua diferença. Para isso, trago os documentos legais que definem a Educação Especial na perspectiva da escola comum inclusiva: 


que institui diretrizes operacionais para o atendimento educacional especializado na educação básica, modalidade educação especial. 

Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusivadocumento elaborado pelo Grupo de Trabalho nomeado pela Portaria nº 555/2007, prorrogada pela  Portaria nº 948/2007, entregue ao Ministro da Educação em 07 de janeiro de 2008. 


que dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e outras providências.

Troca-Troca de Experiências

Em poucas palavras, a escola inclusiva tem por finalidade assegurar ao aluno com deficiência, o direito a um aprendizado que respeite sua diferença. Essa inovação, trazida pela legislação vigente, envolve não apenas o desejo de mudanças, mas a realização desta mudança, através de práticas e parcerias que atuem, com eficácia, sobre as peculiaridades de cada um, em especial da criança portadora de deficiência, a fim de promover recursos, meios, atividades, equipamentos, material adaptado e linguagens que prestem total apoio dentro do ensino regular, eliminando as barreiras que possam dificultar a plena participação desses alunos em nosso cotidiano. Dessa forma, o projeto DIVERSA, nos permite uma troca de experiências e construção de conhecimento sobre educação inclusiva, com fácil acesso a estudos de caso, relatos, notícias, vídeos, etc... Uma iniciativa do Instituto Rodrigo Mendes e o Ministério da Educação. 
Vale a pena visitar: http://diversa.org.br/

Vygotsky



Refletindo!

Os vídeos "Help Desk na idade média" e "Rafinha 2.0" 
me abriram discussão sobre dois pontos: 
1) No que nos transformamos com as 
facilidades  da tecnologia? 
2) O que queremos e de que forma queremos 
que nossos alunos aprendam neste momento? 
É sabido que a tecnologia nos proporciona facilidades incontestáveis, nos conectando ao mundo todo de alguma forma, permitindo contato direto com os mais remotos assuntos, ocasiões, regras, acontecimentos, imagens, etc..... 
Pois bem, se em nossas mãos possuímos todo tipo de informação, de maneira instantânea, como ainda é possível cobrar aprendizado de crianças como "rafinha", que já nascem embriagados de informações da net e, mesmo assim, tentamos execrá-los trancafiados numa redoma, onde seu contato com o conteúdo não supera os livros didáticos, 
às vezes obsoletos e um singelo quadro negro? 
A desculpa do "não fui formado para isso" 
não combina com as novas cabeças pensantes 
que sobrevoam nosso cotidiano docente.
É hora de rever nossa história e 
valorizar o boom das mídias a nosso favor.

Help Desk na Idade Média



Rafinha 2.0


Disponíveis em http://www.youtube.com/watch?v=IJq-x2Vrv8c      
e http://www.youtube.com/watch?v=UI2m5knVrvg&eurl=http%3A%2F%2Ftdeduc%2Ezip%2Enet%2F


Coletânea Inteligente

Deixo a dica de uma coletânea de livros de leitura acessível e prazerosa, importantes para o trabalho do docente no AEE, que foram desenvolvidas numa parceria entre UFC (Universidade Federal do Ceará) e MEC.

  • Fascículo 1: A escola comum inclusiva 
  • Fascículo 2: O AEE para alunos com deficiência intelectual
  • Fascículo 3: Os alunos com deficiência visual, baixa visão e cegueira 
  • Fascículo 4: Abordagem bilíngue na escolarização de pessoas com surdez 
  • Fascículo 5: Surdocegueira e deficiência múltipla
  • Fascículo 6: Recursos Pedagógicos acessíveis e comunicação aumentativa
  • Fascículo 7: Orientação e mobilidade, adequação postural e acessibilidade 
  • Fascículo 8: Livro acessível e informática acessível
  • Fascículo 9: Transtornos globais do desenvolvimento
  • Fascículo 10: Altas habilidades-superdotação